honey,
desculpe a demora em responder, os últimos dias não têm sido fáceis. um vampirismo me ataca por completo, desde a garganta até a ponta dos pés. entro por um corredor infinito, um som indefinido ao meu redor, que império de sonho e corpo. não, faça o favor de não me entender, essa linhas são tão confusas, mas se eu não continuar nem sei quando me animarei a escrever de novo. se ao menos o sangue fosse poesia, mas sangro por coisa alguma. [...] aqui eu censuro alguns trechos dessa carta, certas privacidades não devem ser públicas, visto que inadequadas [...] . e penso mesmo que deva violar a violência, entrar por esse desvio. não foi assim mesmo da primeira vez? um encontro cruzado. e agora esse teu retorno por um desvio não tão perto, mas tão longo e demorado. e já pensou se eu tivesse extraviado tudo, toda aquela correspondência de antes, que ficou incorrespondida, selada ao inverso e rasgada no lacre? sim, você retornou. é por isso que escrevo hoje, foi o mínimo que eu poderia fazer. mas o que fazer e o que dizer depois que tanta coisa mudou nesse tempo, desde o destinatário ao remetente? me diz o que eu faço agora e se demora pra começar de novo.
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