1.5.06

correspondências > collage



honey,

preciso dizer que tenho dado voltas no meu corpo. e já nem sei quando o pulmão virou enigma, o coração virou esfinge. e você fica me recortando nesse horizonte, fazendo do que eu digo balão colorido, desses de festa, desses de circo. alegrando os olhos, subindo. veja bem, o grande culpado de tudo é a distância, que provoca escolhas e torturas de amor. e também enganos. tem horas que até mesmo os correios se enganam: não te entregam tudo que escrevo. vez em quando envia as cartas que não creio. mas agora é sério: de quando em quando me leia do avesso, de retrocesso, porque deve ser carta-labirinto de palavra-grifo. [...] te digo tudo porque ainda não aprendeu a fazer loucuras. continua fazendo o mesmo percurso de rua pra ir e voltar pra casa. por acaso tem medo de fazer as coisas de vontade? ninguém que ama gosta de viver em suspenso: escolhas, torturas. a vida é um risco fino, poeira. e você ainda fica vivendo de punhados. se eu fosse você, descia até as vísceras. e ia fazendo do mundo um quadro cubista com collage de loucas histórias de amor. e eu dando voltas no meu corpo: o que era mesmo que eu devia dizer?

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