19.8.06

carta hípica.


honey,

de quantos cavalos de força é feito meu desgoverno? sem trilho, sem mastro de carrossel, sem haras, os meus cavalos vão todos quebrando os cascos, afundando os navios, empurrando os trens pelo desfiladeiro. a velocidade do desejo é tão dinâmica na janela do carro. mas a janela de casa é tão parada e sem a graça do vento batendo na cara. estou cansado de ficar sentado na soleira da porta, vendo os dias atravessando a rua, branca, escura. já fiz malas, desfiz malas. fui barrado no aeroporto: as crinas, do lado de fora diziam tudo: a selvageria de um corcel negro não cabe num vôo. perdi as asas, perdi o gosto. soltei todos: saíram trotando pelo mundo, saltando cercas e pulando prédios. assustaram crianças, entraram em lojas, quebraram vidros. mas já nem me importo, que corram com fúria e relincho. não demora muito, laços vão lhes cair no pescoço, depois um carinho no dorso, e um amor de amazona para domá-los.

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