17.10.06

carta canina


my dear,

estou na cúspide. touro, áries. transition, transmition. fiquei me devorando de ciúmes a noite toda. infidelidade de transistores, rádios, ruídos de extática. sem falar nas cartas enchendo a caixa de correios e me enchendo por dentro. latidos lá fora. sim, os cachorros me amam. logo que me vêem vão logo abanando os longos rabos curvos, rabos avessos de cães sem raça, sem graça, sem nada. e me lambem com os focinhos gelados. aos milhares, aos montes. i'm not a dog no. i'm a dogger. e depois vêm as notícias de última hora: entrelaçados o meu nome e o teu. até depois da morte? e depois? um parágrafo de emoção para a celebridade. pura paixão moral. ambiguidade. alguma modalidade de amor ficou em primeiro plano? levo meu cachorro para o banho e tosa. alguém pergunta: o substrato da ontologia é fundamento antropológico da teoria marxista para o incesto edipiano contemporâneo? não, amor, foi o ruído da extática. não entendi nada, muda de estação, por favor. fiquei roendo os ossos até o tutano. depois cheguei perto da janela anoitecida. um poste de luz amarela iluminava uma casca amarela de abacaxi. a casca parecia uma ferida. pensei comigo: e se o abacaxi foi ácido, com certeza foi uma dor. depois uivei para lua nuamente crua e me tosaram o pêlo.

Nenhum comentário:

Pesquisar o malote