4.10.06

correspondência crítica.

honey,

imersão, submersão. o dia ficou entediante, uma catástrofe. primeiro não consigo me definir porque sou tudo o que o outro não é. cadeia contínua. pensei no carrossel de cavalinhos quebrado na cantina. a roda na vertical, parada. cavalos sujos. depois me veio a flutuação do não sou nada do que são. e me deu ganas de dar tiros se alguém mais me falar da morte. volto pra casa cabisbaixo. alguém de antuérpia vai embora enquanto em bruxelas a mãe histérica continua ao gritos. isso é a europa, meu bem, um cortiço de luxo. com a água até o pescoço ainda consegui levantar a cabeça e nadar feito cachorrinho. na verdade nem sei como pude, mas foi um bater de patas e mãos tão instintivo... acredite, foi gesto de sobrevivência, pela incerteza mesma do rio. também: quanta teoria que não cabe numa caixa. estou ficando farto e quase virando comerciante de feira livre. a verdura é feliz, o cachorro de rua é feliz, o feirante é feliz. aqui da altura, nesse olimpo de trovões, a imortalidade é dolorida, descolorida. tudo é cinza. os cabelos, a língua, os olhos são cinza. e daí sou o cachorro que tudo vê, embora sem abanar o rabo ou empinar o focinho. e os cavalinhos, coitados, sem saber trotar. entende minha pureza agora? merry-go-round. vamos rodar.

Nenhum comentário:

Pesquisar o malote