12.11.06

carta-poema em segredo.


honey,

hoje só faço pensar em você. faço carta-poema, enigma do que tu morde em mim, polpa macia de coração carnudo:

canta tua canção de ouro
para que eu encha de louros,
navios, vitórias de samotrácia
a audácia da tua voz coração de fogo.

canta tua voz fogo labareda
para incendiar meu couro
e reduzir a pó, carvão e rosas
as flores tatuadas no rosto do meu corpo.

canta tua voz cinzas de assopro
até que me refaça forte maravilhoso
como as flautas de aço puro
tocadas no apuro do teu pescoço.

canta tua canção rendeira verso
para que eu me renda nas tuas malhas
e costure os lábios do avesso
para desde o começo do mundo

ter como meus os teus
beijos cantados de amor e fogo
encantados no meu dorso
no meu sopro
no meu todo
que é todo teu.



e peço desculpas por sair te gostando sem te avisar antes da ousadia, sem te enviar telegrama ou carta comunicativa. amor acontece, sem porquê, sem querer.

Um comentário:

Anônimo disse...

Saber de alguma coisa acerca do processo criativo pode tirar o prazer. Mas não é o caso. No caso, só um choque próprio do desconhecido, ou daquilo que se conhece há pouco. É um poema lindo. Alto, moreno, com olhos oblíquos amendoados, "corcel de fogo".

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