10.11.06

correspondência teórica.


my dear,

os carteiros do mundo ganham as ruas. cartas lacradas chegam em envelopes azuis ou brancos em cidades distantes. dallas, porto alegre, lisboa, guarulhos, roma, mulgoa. pessoas abrem as portas para receber pequenas laudas que escrevo. mas eu duvido da sinceridade de quem as recebe. porque eu só sei dizer as verdades de tudo, com letras maiúsculas e caligrafia perfeita. e quem recebe, dear, pode inventar sorrisos, abraçar envelopes ou mesmo chorar logo na primeira linha. a encenação dos destinatários é pura paródia do meu discurso verdadeiro. remetido o que confesso, fico de ouvidos atentos, esperando o retorno. enquanto a história, do outro lado do corpo, fica gozando com o fetiche das fontes, vestindo de vinil e chicote as correspondências que recebo. as mãos chegam a ficar molhadas de tanta fantasia biográfico-sexual que escorre feito suor pelo dedos, ainda mais com esses selos coloridos feito luz de cabaré e cortinas de teatro. mas os carteiros ganham as ruas e os canteiros de flores estão bonitos. acho que vou enviar pétalas desta vez...

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