24.12.06

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my dear,

desta vez veio feito tigre rajado me roçando as costas. o passado tem dessa coisa selvagem. não há como fugir. abri de volta à caixa com tuas coisas e fiquei esperando o mal se espalhar pela memória-mundo. tive vontade de te dizer 'eu ainda te amo' ao pé do ouvido, mas o fracasso foi maior que meu corpo. uma verdade assim, dolorosamente esquecida, travestida de mentira boba, aflora e paralisa a minha garganta. uma estrela pontuda ou uma bola de pêlos que não cuspo, mas engulo como hidrogênio. eu sei que o amor não espera, muito menos se faz o mesmo do que era antes. mas aberta a caixa, cada escrito atrás das fotos são as memórias cadentes de amor deslizando aguadas no céu da minha boca. água de saliva e choro de corpo a encher copos de tremor. sete pontos na escala richter. por que essas coisas todas ainda me magoam se eu te espero, se juro que te quero, se eu não levanto à noite da cama porque tenho medo? nem sei dizer, só percebo uma sombra de gatos por baixo da porta. o pisa macio que aparece de volta. ou seria o tigre na sua ronda noturna? uma rajada de vento, clarão no céu assombrando o tudo. minha história recomposta em mil muros de tuas águas, de tuas cartas e sobras de amor amarelo-enternecido.

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