27.12.06

rodeios de verão.


dear,


o coração já vai cansado de tanto sotaque estrangeiro, de tanta promessa e rodeio. não sou caubói, muito menos novilho. mesmo sendo taurino por nascimento, ascendente em sagitário, não há motivo para me tratar assim. meu coração você pega ou não pega. não tem meio termo. (existe só o terminal de onde eu parto às escuras, sem bagagem alguma). mas o que está feito, está feito. e a química da memória se encarrega de sublimar tudo como as naftalinas da gaveta, dos armários, da sala de estar. outras vezes é o corpo inteiro que se presta a um exercício de mesmo naipe. não que eu me importe, eu fui me dissolvendo depois de tudo. tem horas que eu derreto, entende? pára e presta atenção, droga. (não, não tão nervoso assim). calma, olha pra mim, preciso te dizer: espera, estou mal, espera. restos de conversa na dispensa flertando comigo. acha que fui rápido demais? gatilhos, pistolas. que antigo tiroteio, amor. não faz far west comigo não. bolas de feno rolando na frente do saloon. quanta bobagem se drogar no réveillon. um som de taças cristalinas cheias de champanhe. tim tim. sem conexão. eu acho que estou me cifrando, me criptografando, me escrevendo em labirinto, em língua de enigma. não faço pose nem poesia. qualquer um com coração vermelho suculento te diria a mesma coisa. e eu era tua estrela de planetário europeu, mas foi me pondo cadente, brilhante, riscada do mapa. eu que pensava que seria alta, longa, ensaiada de desenho, nomeada pelo desejo. fiquei atento aos avisos de sonho, aos beijos dos astros e às memórias de escuta e espelho obsceno. me escuta, estrela caindo! (nervoso assim) te desafiaram lá fora para um duelo. músicas tensas de assobio e viola. me vira o ano no teu espumante, descarrega teu tambor na terra seca. nem sei mais o que eu te digo. desgruda os olhos do laço, não me dê mais palavras de montaria. vê se me olha, caramba. outra vez a mesma canseira...


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