6.1.07

after hours.


my dear,

tenho medo da longa caminhada. uma sensação inteira de vazio vem desde baixo, dos meus pés. fui tão logo pude daqui até o mais perto. e não havia nada lá, apenas a vertigem e uma lembrança suja de ácido e êxtase. minha voz grossa lambeu um mistério enferrujado, sem medo que a corrente de sangue oxidasse ao longo dos dias. por isso a estação de trem estava fora do lugar. relógios de tóquio, berlim, nova iorque, moscou me desajustavam. um cavalo de ferro gigantesco surgiu no meio da fumaça. sem ticket e sem destino algum, eu me estragava nas forças motoras do comboio. dentes rangendo, lábios cortados, uma onda de calor cuspida dos braços e do pescoço se espalhava no resto do corpo. era assim que vez ou outra, depois da fuligem baixar, apareciam águas-vivas, corais, quartos de motel e policiais. de óculos escuros, ray-ban, nadava numa luz cintilante, explosiva, cor de rosa, vermelha e branca para depois respirar um hálito bandido de cânfora e mentol. todo poeta é um maldito, todo poeta. então me vi na caminhada tímida, retorno abaixo de chuva e frio, as roupas colando no corpo, elétricas. depois a colisão em mil estrelas cintilantes de prata. e o medo. agora que estou tão perto e tão pop art.

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