27.1.07

carta. aos cuidados de.


honey,

toda mudança exige um preço, um preço muito alto a ser pago. e não são libações, nem barris de petróleo ou pedras preciosas que querem em troca. é uma exigência de corpo - de olhos inchados, angústia de corredores, saudades na janela. eis um tempo de provação, amor. um tempo na qual ausência fica aguda de tão funda e machuca e fere e sangra. não é de outro modo, é sempre assim: os heróis são feitos de sacrifício. depois ficam voláteis, translúcidos, perfeitos colossos. no entanto, antes de tudo, é preciso perder o sentido de todos os sentidos, até os ossos. ou quase todos. há o sentido-guia, estrela-luz, há o coração que me guia heróico entre folhas pisadas de crespúsculo e músculos doloridos. o sentido-guia nem é estrela, tampouco farol, é o fio mágico que me faz entrar no reino de deus. lá onde querubins e arcanjos trazem nuvens rosas para me deitar, onde servem chá quando tenho sede e me dão centeio quando tenho fome. antes de tudo, é preciso encontrar o sentido-guia. eu o encontrei me guiando pelo teu corpo. e agora estou bravamente querendo ser teu herói, cantando canções de amor em pleno campo de batalha. todo o dia é dia de todos os sonhos. nenhum dia nasce ou morre sem você por dentro. o sentido-guia é fazer tua estrada na eternidade do meu coração finito. coração que geme, chora, range nas portas do edifício que não mora. e para o qual demora a voltar. ah, como estou disposto a pagar o imposto pelo teu rosto teu gosto. quero ser outra vez corredeira d'água, morna, límpida, potável. não esta água parada, turva, intragável que me obrigo a tomar. meu amor, escreve nos teus diários, anota nos teus cadernos, quero ser o teu abrigo mais longo. e se demoro a chegar não é falta de vontade, desejo ou gozo. é porque estou provando o meu valor precioso de amor aos olhos de deus. e aos teus olhos inteiros de anjo carinhoso (te amo sagrado e profundo profano)

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