25.1.07

eu tive um sonho.


honey.

sinto que alguma coisa está morrendo. só não sei decifrar se é o passado caindo morto às minhas costas, ou se o futuro, prostrado choroso no meu colo. apenas sei que estou morrendo. todos nós estamos morrendo. todos, insisto. embora eu sinta que carrego uma morte a mais no peito. ela tem nome e cheiro de abstrato. não digo. tenho medo que ela me assombre cheio de dores. já basta o de ontem, teu choro na câmera fotográfica. de manhã tarde, súbito e sedento, acordei de uma febre em chamas, corpo dolorido, disparado. o relógio de vento me diz quanto tempo se foi. clepsidra, a água lavando as margens das horas em volta. e um sol alto, um temor debaixo do teto, da cama, da pele. tive tanto medo dos sonhos que me atacaram cheios de garras soltas e afiadas. neles, eu era eu, você era você. sem truques, nem falhas. então não era sonho se não deformado? me perguntei onde eu estava. nem sei. eu te via de longe e algo se afastava. teu rosto no mirante do campanário: 'não dá mais pra ser assim'. assim como, me responde sonho, me responde tonto, não acaba. 'não dá mais pra ser assim distante'. tua voz, assim de refluxo, nem acredito, fala de novo. não, por favor, me acorda! estranho o cheiro de suor no ar e este calor de corpo, um carro de fogo, deus ex machina. me consola ver que me deixou recados na cabeceira da cama. foi sonho, sim. mas...e se for previsão, algo de visionário, vislumbre das águas que nem foram? clepsidra, me responde, droga! e se tiver sido pressuposto ou adivinha de tempo nublado, chuva, ou tempestade de verão vindoura? como me doeu passar a tarde assim morrendo, cheio de impressões e medos. (era aguda a necessidade de te dizer, entenda). mesmo em dia tão bonito era tão vazio o espaço sem teu bálsamo tocando minha ferida queimando. algo está morrendo, mas que não seja o porvir. porque eu estou chegando, amor, estou chegando pra ficar. vida afora, corpo adentro, por qualquer estrada que me leve aos teus pés. à tua vida. eu tive um sonho, preciso lhe falar, me ouve?

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