15.1.07

carta enigma.


honey,

o mundo que nunca foi, em terra sempre estará, um crepitando em crepúsculos rosas, um crescendo em beijos de querubins róseos, tão da mesma cor, tão indolor como o nunca sendo que será ainda. insisto em dizer que o não dito de tua palavra incorpórea, invadiu meu corpo como flecha, ferindo a alma e a garganta calma do verbo, e incorporou o imprecioso à tua ausência vocal. um diamante de risco brilha na cauda de uma leoa como pura rebentação das pedras espumantes de tuas vinhas. adivinha se te trouxe o passado, se dei voltas de contorno nos teus hiatos e se de quebra fui presa fácil nos teus caprichos sortidos? não, não habitará o lugar do altíssimo, nem dos sopranos anjos que me sussurram carícias, tão habituados a me tirar do teu profano dedilhar de iscas limpas. frescas postas de peixes, frescor de aquários na minha voz marinha desandam a desaguar na tua marina a violência tão grande das âncoras partidas. me abraça no teu instante mais perpétuo, mesmo que o fim do mundo seja o apelo de um só segundo do teu tempo sem fulgor de eterno. para mim basta o de agora, correndo por certo na demora de um tempo que não tenho dentro, nem na memória, nem no fora, mas na estrada-dor do momento. me invade com a pele dos teus cadáveres, me faz de um cada um dos teus milhares, assim como as rochas se fazem de areia curtida nos mares da europa. um cavalo marinho me pega pelo estribo e só deixa para trás as marcas do não-sido, num galope de a contra-vento, maré baixa e espírito sedento.

2 comentários:

Alberto Pereira Jr. disse...

um texto que respira sensações

Alberto Pereira Jr. disse...

pois é.. a televisão vive e promove um espetáculo e infelizmente isso não livra nem o telejornalismo de coberturas que privilegiam o sensacional.. triste, muito triste.

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