1.2.07

carta moderna sem graça


dear,

aqui é o reduto do segredo. repousa nestas linhas um segredo de ensurdecer. no entanto, os carteiros surdos, ou quase, apenas suspeitam ouvir um bombear de válvulas. eles não sabem, mas pago um preço muito alto pelos selos coloridos das capas. é um fluxo de sangue por um fluxo de cartas. queria mesmo era construir o transatlântico suspenso que atravesse o continente, em linhas térreas e férreas, até chegar ao teu oceano-tempestade, lugar onde os dormentes dos trilhos adormecem. ou aos teus pés, quem sabe, inteiramente grato. (me pergunto se sou pra você). fiquei de te escrever um poème à clé e adormeci no interlúnio da lua, perdi tudo, inclusive a luminária de papel e as lâmpadas incandescentes. DEFINITIVAMENTE CHEGA de dormir apenas depois das três horas da madrugada. chegou a hora limite, nessa que o moto-boy vem entregar o jornal no prédio. o som do motor me avisa que é tarde demais. ou cedo. depende do modo como se olha o tempo. (no banho, tentei tirar a tatuagem à força). então lembro que penso demais em alguém especial numa cidade do interior. depois despenso, que é o contrário de pensar, ou seja, sonhar. abraçado no travesseiro. sabia que eu invento os envelopes para caber nas cartas, e que, antes das cartas, vem a vida? ainda é só o começo. então eu tomo meu leite de gato. puro. fico com bafo de gato. e durmo.

p.s. ainda não sei que fazer da opéra glacé

2 comentários:

Alberto Pereira Jr. disse...

seus textos têm um que poético de divagações aleatórias com a certeza de uma mensagem a ser transmitida.

Disléxico, porém viceral!

adoro..

a partir de agora está devidamente linkado ao meu blog..

Alberto Pereira Jr. disse...

talvez disléxico tenha sido um pouco forte, mas insisto que seu texto é ótimo e precisa, merece ser lido!

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