13.1.07

a garganta das flores.


honey,

se eu pudesse te tirar de dentro, como quem coloca dois dedos na garganta, você não estaria ainda. sinto tanta falta, mas não a tua falta. é a do desejo do teu pensamento em mim, feito flor desabrochada. queria ser a chuva fina e fresca dessa primavera sonhada, um orvalho sincero beijando tuas pétalas aveludadas, molhadas na saliva de mim e de tu. que delicadeza habitará tuas petúnias-em-coração, teu hibisco cor de leão em caça, tuas flores de alcachofra? queria te cuidar com adubos e laços, xaxim e vasos de barro, argila e pedras de rio. no entanto, amor meu, nenhuma só semente das que lancei em tua terra cresceu. e os sonhos de floricultor murcharam com o crepitar do teu sol incansável. e o meu amor cresceu ainda mais com teu eclipse lunar. quando aconteceu, virei lobo aurora e fui uivando nas pradarias e nas cercanias do teu corpo protegido por cercas e lanças de prata. até levar um tiro e no meio dos meus pêlos apodrecidos, crescer uma rosa púrpura e sem espinhos. uma rosa viva, uma rosa alma, que vez ou outra você molha, enxagüa, trata e acalma. rosa linda que um dia é cortada pela garganta, dois fios de tesoura me tirando a voz, enquanto tua voz doce cantarola uma triste canção de amor, embrulhando a cicatriz-em-flor em celofane e laço azul. sigo colado no teu corpo, sentindo teu cheiro de coração palpitando, até que de sopro e surpresa, com a delicadeza de quem ama intenso, sou entregue como presente vida-em-morte ao teu novo amor. rosa púrpura, rosa púrpura, não é de orvalho nem de suor estas águas, é o chorar de tuas pétalas que molham o ar ao redor...

Um comentário:

Anônimo disse...

Compartilhava dessa vontade de por os dedos na garganta e arrancar alguém há um ano ou dois. A verdade é que me encontro quase 'assintomático' ultimamente. Difícil de impressionar, sabe?

Recalques...

E claro que não fiquei chateado, moço.

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