8.3.07

a carta do labirinto.


honey,

para que tantas paredes? ergueu-as enquando eu dormia? do meu quarto até a sala só havia um corredor... e agora há tantos caminhos nos quais me perco. por que levantou estas paredes? por que se levantou enquanto eu dormia? acaso não havia feito amor com todo gozo possível? aqui entrou, ali me perdi. e não me esqueci de como voltar. foi você que não me ensinou como sair do teu corpo. depois disso que mito monstruoso me esperará em cada encruzilhada? tenho medo que me devore. meu coração já foi por completo devorado. as línguas de fogo o lamberam até que secasse e virasse pó. há dias este apartamento não é mais como antes. ele parece o pedaço de um mundo subterrâneo e arruinado, por onde encontro tanto encantamento desencontrado, ricocheteando pelos muros azedos. eu chamo teu nome, mas o vento encanado devolve minha própria voz, ecoando. então estou sozinho e sem saber. a arquitetura foi feita para que eu não pudesse fugir. perdido aqui dentro eu não teria como te encontrar depois que teu rosto sumisse na multidão. tudo estaria acabado depois disso. e acabou-se. cortaram o fio de prata sem saber que era fio de lágrima. amor, queria que soubesse, onde quer que esteja, sabia: das entranhas de meu corpo nascem minotauros que me devoram. talvez seja melhor, nem o menor vestígio dos teus ossos.

Nenhum comentário:

Pesquisar o malote