30.3.07

omnia vincit amor.



nenhum homem é uma ilha, sozinho em si mesmo; cada homem é a parte do continente, parte do todo; se um seixo for levado pelo mar, a europa fica menor, como se fosse um promontório, assim como se fosse uma parte de seus amigos ou mesmo sua; a morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, nunca procure saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti.
john donne

eu não escolhi ser uma ilha. eu estou numa ilha. as metáforas não estão erradas quando apontam para a idéia de exílio ou solidão. embora donne queira me dizer que somos todos homens-continentes, interligados, contínuos, dependentes, não o creio no todo. eu estou me sentindo um continente deserto neste lugar, mesmo que a populosa china possa ser o principal país destas terras. não quero dizer que é culpa dos outros, mas também não é inteiramente minha. eu posso apenas ser acusado pelas minhas crenças, estas que quase não tem valor de mercado em si. o amor é uma delas. e por ele me sacrifico e vendo cada parte do meu corpo.
mas para vendê-lo, eu pago um alto preço. espiritual. cada seixo é uma memória de minha alma. cada seixo que resvala do meu tronco é como se cada vez menor meu corpo ficasse . piratas, contrabandistas, anarquistas, impostores, saqueadores, ladrões. todos esses tipos já aportaram por aqui seus navios de escobro.
meu espaço foi ficando cada cada vez menor, claustrofóbico, catastrófico. sem ter para onde fugir, cercado por águas, nem me movo. meu pé esquerdo, erguido no mínimo de terra que há, me faz de um farol sem valentia, com medo da noite e da escuridão dos dias. então eu penso que quase já ouço os sinos dobrando sobre mim, porque cada parte que se vai, é uma parte que morre comigo. não tão só assim. eu não enviarei mensagens antes de estar feito, mas com certeza, morrerá também o portador dos meus órgãos. e para cada corpo que cair morto será o fim de uma história. nem quero saber o que acontecerá com quem meu coração-em-sangue levar. me pergunto porque ainda insistem em destruir ao invés de construir as margens ao meu redor. carpinteiros, levantem bem alto a cumeeira, porque ao final de tudo, quando não restar seixo ou porto, haverá um sopro de apanhador pelos campos. outras casas serão construídas e tudo será novo. o amor, meu bem, por mais que não o tenha aceitado, ele existe, em qualquer lugar deste infinito oceano. quem sabe os peixes o peguem e ao mordê-lo se transformem nas mais belas e imortais águas-vivas. estando ilha, mesmo que eu esteja desprovido de humanidade, sozinho neste lugar, ainda tenho uma esperança amorosa.
amor omnia vincit. omnia vincit amor. amor vincit omnia.
por agora coloco todos os mortos em seus jazigos.
o amor se dobra por mim.

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