4.5.07

a star is (not) born letter


honey,

como a luz de uma estrela morta: assim que eu estou. viajando por anos luz numa escuridão indizível, sem luz ou velocidade, feita de buracos negros e dos lados ocultos dos planetas. estou entre a morte do corpo celeste e a última ilusão de minha vida: brilhar uma última vez. só me pergunto se os últimos olhos a ver minha derradeira pulsão também poderiam ver o quanto esgotei meus poços de hidrogênio, o quanto me engoli por dentro, até me permitir desaparecer, queimar inteiro, ser este último sopro de nada, de pó, de rastro, de fantasma. reduzi minha grandeza a uma fagulha, a um infinitesimal de existência, a um sacrifício. e ao exponencial de um desaparecimento. sou esta viagem intermitente de tudo que restou da origem, atravessando o veludo negro de tudo que foi originado na convulsão do universo. também da convulsão de mim num big bang voltado para dentro, numa flor indecisa nas mãos de ofélia. ou de morfeu. nem deus deve saber para quem vou brilhar a última vez. queria que fosse aos olhos teus. última homenagem a quem me morreu: pegar a última luz de uma estrela que se apaga. de uma estrela morta há milhares de anos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Por isso que amo e admiro você, sua essência, seu brilho, exatamente por expressar o que muitas vezes se oculta dentro de mim. Está lindo. Parabéns.

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