8.7.07

dreams.


honey.

estou me deitando em azulejos vermelhos. frios como a dor. finos como a saudade. as manhãs se passam tranquilas, como deve ser. o que me assusta é a chegada da noite, sua hora fatal. o que me assusta é quando o ponto cego dos dias ilumina meu corpo e as paredes me estrangulam. a hora em que eu penso que é dolorido demais pensar. então me desejo no chão, um papel em branco, com sono. tenho tido sonhos persecutórios, repetitivos: estou eu, de volta a uma ordem secreta, uma ordem de hipócritas. não sei o que faço, não sei o que fazem. eu retorno e as mentiras já não doem mais, ainda que sejam as mesmas. não me lembro de um só rosto, nem dos nomes, nem dos sinais. o olho que tudo vê é uma falácia de tão cego. ardo e me viro aos prantos. me espanto porque entendo que o esquecimento é uma forma de manutenção do corpo. às vezes, de mutilação da alma. antes fosse um horizonte de desaparecimento perpétuo, para que não boiassem esses cadáveres nos meus sonhos. na verdade nem sei porque é assim. talvez seja o destino daqueles que sempre lutaram pelo bom e pelo melhor. agora me deixe sozinho que eu vou entrando nesse casaco pelo avesso, gozando a beleza de estar imerso no contrário. a contragosto, a contrapeso. insistentemente.

Um comentário:

Alberto Pereira Jr. disse...

eu continuo sendo repetitivo em meus comentários: mais um texto soberbo!

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