10.8.07

apocalipse now.


honey,

eu tenho medo que aconteça o retorno do recalcado: o regresso das memórias perdidas, das memórias encobertas e dos desejos, agora insubmissos. tenho medo de uma corrente descendente, do olho de um furacão, da fúria de um tornado. não é por menos: estou vivendo à sombra de uma catástrofe natural. e para esta não haverá escala fujita (do destino, dos estragos, dos escombros) que possa medir os efeitos destrutivos no meu corpo. não consigo dormir. mal consigo acordar. viver eu não posso. impossível morrer. deixo a felicidade proliferando no automático, ocupando cada vez mais espaço do que o permitido. felicidade-câncer. non stop. no parking. park life. agridoce sensação de presença: a obra de deus ainda não está terminada. preciso atravessar do doce ao azedo num universo frenético onde o passado é useless e o futuro, unless. saiba que estou nadando num rio feito apenas de margens: a ausência é a mais assombrosa presença. estou aterrorizado por essa coisa fantasma de dois nomes variáveis: ontem e amanhã, antes e depois, a priori e a posteriori. envio postais no intervalo do tempo e não sei mais se libertei o desejo. (se ouvir sons de trombeta, trompas, abertura de selos, salivas, beijos, vai ser um apocalipse)

Um comentário:

honey disse...

de tirar o fôlego! quanta beleza há em ti, my dear, na tua escritura, na tua escrita que é puro gozo. bj

Pesquisar o malote