16.8.07

barcaça-fantasma.


honey,

eu perigosamente estou sem saber das coisas, mesmo das coisas que dão nome às coisas, dos conteúdos das coisas ou das coisas em si mesmas. estou entregue por completo aos navios-fantasma e aos destinos sem lugar. penso sem parar na arquitetura do destino e no coração sangrento que entrego aos ombros de deus. no instante anterior, é quase certo que eu me sinta nostálgico ao mais que anterior instante. a lembrança é um pasto de passados, folhas esmagadas e raspas de noz moscada. alguém pensa em mim, então eu existo. quando eu penso, só consigo fazer outra pessoa existir, assim por diante em cadeia ininterrupta. não creio que a existência da coisa precise passar antes pelas sensações. para cada sensação, uma lembrança? onde estaria deus então? nunca nos encontramos no café, também nunca o vi nas esquinas ou no cinema, nunca toquei sua mão. a despeito disso eu penso nele e tudo existe. na verdade só existimos porque deus nos pensa e pensa em nós. a lembrança não passa de um imaginário distante no tempo, no espaço, na compreensão. a lembrança é um navio-fantasma, um pretérito ora preterido ora preferido, no qual os instantes vão virando âncoras de nostalgia. âncoras de ar, corroídas pela maresia, pela vazão de um mar de esquecimentos. sem amarras ou pesos, fui me esquecendo das coisas boiando ao redor, das coisas existindo, me esqueci para morrer negando que a morte-em-vida só vive no pensamento do outro.

2 comentários:

Carolina disse...

Achei teu blog por acaso...
Interessante, desprentecioso, exelente, gostei bastante ^^
Somos uma nau à deriva e cada instante é um risco... gostei qndo disseste que ''existimos porque deus nos pensa e pensa em nós'' estou refletindo nisso ^^
Parabéns pelo blog e uma ótima semana
Voltarei...

Anônimo disse...

estou entregue por completo aos navios-fantasma e aos destinos sem lugar

Se passa por isso ou se vive assim? pensei no que seria mais provável...

sem dúvidas visitarei mais seu blog

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