24.9.07


honey,

eu escrevo como sempre. talvez, também, como se fizesse um pouco de nunca pela manhã. faz algum tempo que a fronteira que nos separava, desapareceu. mas sinto dizer que nos minutos anteriores, ao levantar do sol, se deu o retorno do desaparecido. é quase cruel repetir a ausência assim sem aviso prévio. quando o vazio foi recuperado, nos encheu de novo de um vazio ainda pior: o eu sem tu. me parece quase desunamo aniquilar o espaço de trânsito, as paixões em comum e as peripécias do corpo. não consigo me contentar em apenas passar bilhetes por baixo da porta. fico à escuta dos teus carinhos e arranho a madeira de tanta fome. queria inverter os lugares e ser eu mesmo a desaparição das coisas, mas isto me obrigaria a passar pela dor de deus: a dor de ver e nunca ser visto. melhor, então, que de vez em quando aconteça o retorno do que nos separa. melhor que a alternância entre existir e não-existir a fronteira nos dê a segurança de um caráter temporário - uma presença suspensa. não se assuste com as próximas cartas, farei de tudo para ser o mesmo. dentro em breve, vermelhos e sangrentos devem seguir bilhetes. por baixo da porta, as fatias de um coração desaparecido.

4 comentários:

Anônimo disse...

Roubando Fernando Sabino:
"...pelo simples consolo, ainda que à distância, de te saber existente e convivermos"

Txiago disse...

Lindoo!

Txiago disse...

N�o conhe�o os outros textos q vc falou! vou procurar!!

Sempre entro aki! Desde....... vc deve lembrar quando!

abra�ooo

Alberto Pereira Jr. disse...

sempre lírico e instigante

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