20.6.08

la teoría de la enunciación


honey,


as palavras poderiam esperar mais um século. não queria que se comportasse assim desse jeito, exigindo forma e feito à medida que o pensamento avança, draga e devasta o instante-já. ou a imediatez mais profunda. ainda tenho vontade de chorar quando volto a esse lugar de poeira e móveis sem brilho. invento um mantra que me reinvente o desejo: eu não preciso de mais nada. mas basta cruzar esses seus olhos cheios de amor e assuntos por dizer, que desmancho a bravura e sofro a mesma insegurança de antes. pois eu sinto ciúmes de suas carícias distraídas, dos seus amores-perfeitos, do seu campo de relâmpagos e das vastas emoções imperfeitas. eu poderia fazer tudo. e faço. o maior de mim e o mais perigoso está sendo feito - renuncio dia a dia a cada um dos sonhos que sonho ter contigo. qualquer coisa que pedir será tão pequena a despeito de tão grande esforço. qualquer angústia não será nada perto do que adivinho ser a sua pouca necessidade de mim. vai ver porque sou um adivinho duplamente cego - não faço a distinção do presente ou do futuro. no entanto, com as palavras do passado e sempre adiante, tateio as representações do seu afeto. e me sinto o bastante. roce sua mão por cima da minha, delicadamente, que deixo de ser um monturo, desviro gato em cima do muro, pulo com garra e agarro com tudo esse pires de leite morno. um pouco satisfeito, me enrodilho no que imagino ser seu corpo e durmo. mas, então, as palavras. poderiam esperar mais século. não deveriam me soprar anúncios e classificados ao pé do ouvido. não deveriam me dizer nada. ficarem apenas quietas, paradas, aos meus pés, inteiramente estátuas. contudo, baby, o amor, o inequivocado e ininterrupto amor, é aquilo que nunca pára de se enunciar. e anunciar os sonhos mais bonitos.

5 comentários:

Anônimo disse...

Prescindir das palavras.
As palavras podem mudar o curso do que se desenha com gestos e falas imaginadas. Podem turvar as imagens que o desejo compõem.
Estar em estado de amor.

Anônimo disse...

...desconsidere o "m", sorry.

Anônimo disse...

O anônimo sou eu.

honey disse...

que lindeza mais linda, my dear!!! mil vezes linda!

ROSA E OLIVIER disse...

Amore, impossibili a definirsi!

G. Casanova

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