3.10.08

o gorgorão.


honey,

eu me vi em seus olhos, olhando para você. então eu fiz amor nos seus olhos, porque sabia que os seus também se perdiam no reflexo dos meus. não sei se encontrávamos nesse jogo os fantasmas do espelho. e se era o que lá havia, nos meus olhos, eu fiz amor com os fantasmas. e se era o que lá havia, nos seus olhos, você fez amor com os fantasmas. e mesmo cheios de gozo, não nos entregamos, nem arriscamos um beijo desordeiro, escondendo as mãos e o rosto em qualquer lugar da sala. estávamos paralisados por esse gorgorão grosso e desgastado do passado. também choramos: de tão comovidos com a extinção do retorno, de tão imaculados depois do apagamento dos pecados de ouro. havia passado tanto tempo que não pensei que fosse verdade, nós, ali, naquela hora, entendendo o progresso da história, derrubando o muro de berlim com picaretas. foi quando senti que minha pele roçava na sua, sem querer, também sem poder, e de modo fantasmático eu sofria o arrepio. foi quando vi que sua pele também roçava a minha, sem querer, também sem poder, e de modo fantasmático você sofria o arrepio. ficamos por instantes nos olhando, o que era o mesmo que fazer amor, e depois do gozo, veio o calafrio. e não dissemos nem fizemos mais nada. o silêncio já dizia e fazia tudo.

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