25.12.08

a ilha


dear,

não pensei que fosse assim, mas esta é uma ilha de terrível sede. não importa quanta água desça pela garganta, há uma insaciedade infinita. a boca seca, a pele resseca e o coração, também, sofre nordestino de uma vida seca. esta ilha está ligada à porção continental por um fio de baba; eu e você, por um fio. não sei quanto arrepio me deu estalar um beijo úmido no seu ouvido. só sei que surgiu um intermitente rio de gozo com o reencontro. e era uma mistura de gostos: o salgado do mar, o salgado do sol, o salgado do suor. aprendi no intervalo da língua e da saliva que o futuro é tudo o que não é ainda. e eu, tudo o que nunca fui até então. tive vontade imensa de dar voz e velocidade aos desejos, também vez e voracidade. só não aceitei a razão de haver tantas impressões erradas em uma vida tão curta. poderia ter sido o preâmbulo de tudo. não do primeiro, mas do segundo, pois adorar, dear, é amar excessivamente. é transformar alguém em seu deus pessoal, alguém para quem você se ajoelha, confessa, oferece sândalos, incensos e um coração na boca. espero que não se assuste com todas as cores de copos vazios. ainda não é a hora. não agora. nem depois. talvez nem você.

Um comentário:

Ricardo Freitas disse...

por aqui anda tudo lindo como sempre, como vc,,,

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