24.8.10

mel da jordânia


honey:

a história da linguagem sedenta: teu pré-nome. tudo o que me diz são feitiços, encantamentos, encanta-me a tua boca e as palavras secretas que me dizes. engole-me a boca da fome, engole-me teu segundo nome, engole-me teu coração-sobrenome, teu amor-voragem.  desde então, repito, engole-me tu, de lábios macios e pele branca. mas, sim: perdoe a minha doçura exagerada, perdoe meu mel silvestre, mas saiba: foste tu que me enviaste para o pólen, foste tu que me ordenaste fazer a geleia real, foste tu que obedeci, obedecendo por amor. não vês o mel escorrendo dos meus olhos, da minha boca, dos meus poros? ofereço-te chocolate amargo para evitar o enjôo, para impedir, talvez inutilmente, que desgoste de mim, pois tenho medo. tenho medo que o teu ouvido experimente a exaustão das minhas juras, dos meus cantos, do meu diário cotidiano. tenho medo, amor, que bloqueie as palavras que te entrego, mais rápidas que o vôo veloz da vespa. por isso: perdoa. o instinto de dizer-lhe do amor é mais ligeiro que o pensamento do amor. talvez meu nome mesmo figure nos bestiários cristãos, nomeando o monstro amoroso, o dragão cuspidor de febre, aquilo que sou agora em ti. mas: tenho medo e também tenho vaidade. vaidade do fato de amar-te e consagrar meu tempo-refúgio às tardes do teu templo. é tempo, amor, as instâncias da voz se abrem para dizer: eu te adoro. sim, eu te adoro como a um deus e me coloco de joelhos e a teus pés, diante de ti, humilde, cortejando tua altura imensa, oferecendo meu afeto imensurável que tenho pelo que tu és. e tu só pode ser mais de mil, seis mil, trezentos mil caracteres repetidos: tu és: amor.

Um comentário:

Anônimo disse...

são as palavras mais doces que já vi,feliz do misterioso ser inspirador desses versos..

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