2.11.10

fúria sobre o cais


honey:

isto foi tudo o que pude suportar. tudo. saber me que amas não é o bastante. não quero de novo algo que seja assim, insuficiente. talvez tu desejes emprestar uma capa de platonismo ao eu-tu, mas já não posso, não suporto viver de sal da marinha interior, da cal que me queima, do ar rarefeito, da ausência dos teus feitos sobre mim. quando tu fingiste não me reconhecer, ainda que me reconhecendo sob todos os ângulos, tu me fizeste atingir o limite entre a humildade e o orgulho. foi muito cruel o que fez comigo. e se tu te importasses com minha felicidade, não o terias feito. eu que me importava com a tua, já nem sei mais o que faço e por que faço. a partir de agora não existe mais eu te espero, eu te aceito, eu te compreendo. não existe mais meu amor. e tu, apenas tu, foste responsável por esta aniquilação, pois de fantasma amante me fizeste a poeira do cascalho. e pisaste nela com soberania altiva, indelicada, completamente indiferente. me fizeste o nada, o sem nome, o que mora na sombra e sombra escura é. perguntei-me, naquele instante, perguntei-me com honestidade se haveria satisfação em ser colocado no lugar do não-ser. é equivocado pensar que somos grandes demais e a vida é que se tornou pequena demais. tu me tornaste a literatura menor da tua vida, tu me transformaste na tua casa de campo, o lugar que tu apenas te lembras de gozar quando todas as outras coisas não te exigem. e tu te satisfaz com este comportamento aristocrata de bem querer o que sabes que é teu, a teus pés, quieto e inteiramente obediente. então, é por tudo isto, lovely, que estou definitivamente destruindo ítaca, o mar jônico, a guerra de tróia, o tear, a telêmaco. estou renunciando a ti antes que tu mesmo me destruas com teus caprichos egoístas & tuas prioridades outras. está decidido: hei de apagar o farol de ouro sobre o oceano, nem mais uma luz, nem mais. o barco de ulisses vai se despedaçar no mar e, quando isto acontecer, a canção de amor que fazia de ti descerá lentamente a garganta das sirenas. pero mira, não se preocupe. eu que fui tolo em não te ouvir quando te despedias sempre dizendo adiós, adiós, adeus. y ahora, ouça de mi, sweetheart: esta é a exclamação do que se perdeu e não tem mais retorno. estas sãos as palavras surgidas nos decks de madeira que dão na areia da praia:

"se o amor não vence, está demonstrado que não era amor de verdade" flavio kothe

Um comentário:

@nônimo disse...

O amor é a poesia dos sentidos. Ou é subline, ou não existe. Quando existe, existe para todo o sempre e aumenta cada vez mais. - Balzac

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