amor:
meu coração é tua morada, tua casa acolchoada de suor. depois do primeiro dia, depois do segundo dia, depois do terceiro dia só pude mesmo acreditar que era uma verdade muito simples. por isso gostaria de mudar meu nome para que o teu nome refletisse o pertencimento ao meu. estando ligados pela etimologia, grega ou latina, poderíamos estar enlaçados simbolicamente pela palavra, assim como estamos abraçados pelo gesto. então: escrevo teu nome nos papéis, desenho teu nome nas cavernas, invoco a crença mágica da primeira arte para apreender a imagem desenhada de ti, à distância, antes de prender em minhas coxas e meus afagos a imagem que tenho de ti em carne. eu quero, eu desejo deslizar o fantasma da minha pele sobre a pelúcia da tua boca, quero enroscar meu escapulário nos desenhos santos das tuas roupas, desejo invocar a água da tua carne para banhar a minha parte depois do gozo. quero que o amor seja como tu me diz - eterno e trêmulo, longe de um horizonte, mas intenso em todo presente de nós. minha morada é em teu coração; meu amor cresceu nas paredes destas fundas furnas de paixão.
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