6.5.11

a sala vermelha


honey:

à tua imagem. é à tua imagem que escrevo. porque é exatamente apenas isto que vejo: tu-fotografia, tu-photografie. eu mesmo não me atrevo a mais, não quero marejar-me na sala vermelha, captar teus olhos, tua bocas, tus sonrisas. tudo porque não é apenas um retrato, mas um involuntário desentranhamento dos instantes antes do retrato. a memória é algo que não me esqueci. deveria ter me lembrado de te esquecer. deveria ter recordado que só há lembrança do que há. e o que houve entre nós, tu-photografie? acho que me lembro do que tenho em haver. de resto, o que foi recortado do todo como imagem, permanece. a tua imagem ainda acontece. algures. eu, agora, depois de ti, só aconteço como fragmento. e as paredes, as paredes deste quarto já assumem o mesmo tom encarnado. murmuro: tu, je, nous. photografie. quel image?

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