17.5.11

typewriter


dear:

faz muito tempo, a palavra começou a desaparecer. é desta intimidade que sentiremos falta, da conversa enciumada de todos os dias, do corpo lavado e lustrado ao sol. talvez da fotografia, talvez das lembranças da varanda, talvez do humor estranho diante do buraco. mas é muito cedo para dizer, tarde para voltar atrás, amanhã demais para existir. hoje não quero nem pensar. só fico a mirar esta palavra, agora invisível na ruína do vento, perdida de modo irremediável na pobreza dos meus próprios pensamentos.

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