7.6.11

américa, américa


dear:

desde há muitas noites tenho tido sonhos. e como é difícil contá-los, só me resta registrar as impressões, os fragmentos. há lugares e rostos que reconheço. situações que nem tanto. coisas que desejo. e vem você me dizer que nem é assim tão perto. eu insisto em todas as deixas possíveis, eu canto, eu quero. me queixo. nem imagina você, já faz tanto tempo. a sombra do beija-flor cobriu a américa. lá, em algum lugar do continente, por mais que os lírios se abram vermelhos, sim, nos campos vermelhos, abrem-se lírios encarnados. por mais que eu recorde da cor de cor, espera, tenho que dizer: a ave, ainda assim, é atraída pelo veneno das papoulas e dos hibiscos. não importam meus avisos, por isso eu me olho e te vejo, como da primeira vez. e lembro: dos hibiscos tu fez tua lavra; das papoulas, a palavra enganada. e fui preterido, e fui só para o interior da ilha. aqui a terra é distinta, outra geografia do corpo, diversa cartografia. é tão mais isolada que nem posso. a américa é algo que já não posso mais. é sem volta, mesmo que dê voltas em meus sonhos, rememorando um passado antigo, sem tons gloriosos. desde há muitas noites eu vivo contigo. e só. como da segunda vez e até então.

Nenhum comentário:

Pesquisar o malote