30.8.11

haunted house


dear:

os espíritos têm vindo aos milhares. enchem a casa. já não suporto mais os suspiros, o mexer de coisas, o balançar de quadros. já me incomodam os calafrios, os sussurros de gente morta, a porta aberta do quarto. o cheiro de flores do oriente penetra o espaço. é tarde, é tarde, amor, e tanto tremo que fico mais enamorado dos dias que das madrugadas. é à noite que as tábuas estalam; nas tempestades que os relâmpagos iluminam os vultos e os ventos fazem seus votos. não pense que me assusto por qualquer coisa. os espíritos não têm vozes, nem cor ou gosto. e ainda assim: seus signos penduram-se pelo teto como móbiles. tudo é uma lembrança, um afresco, uma indisposição. o que mais me assusta, porém, não são os sopros mortos dos antepassados, mas a ausência dos teus fados e do teu corpo na minha carne.

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