25.6.12

a ilha dos batávios

dear:

há muito estou para escrever-te - poderia dizer que é o tempo e as coisas no tempo que nos separa e nos impede de permanecer. mas não posso culpar os relógios. nem foram nem nunca serão causa alguma de dor. a distensão do tempo - a espera guardada no corpo - nunca nos desfez, nem nunca nos fez deixar. um ao outro, era uma fantasia. é o suspense que nos perdura no espaço, muito embora o compasso tenha nos atravessado e atrasado mais umas distâncias. pendurados estamos em um limite. enquanto os países baixos procuram conter o avanço do mar, nós nos deixamos inundar. a água, entretanto, é doce - ao menos é esse o sabor que imaginamos sentir quando nossas salivas se tocarem, se um dia se tocassem. a batávia e suas peras, maças, cerejas. a batávia e a salada mista, como brincadeira de criança. a vista que os nossos olhos alcançam, ainda que fechados, vão mais longe no campo dos sabores. existem também os odores que um dia já pensamos. e todas as outras coisas que fazem dos afetos, amores; dos amores, uma ilha cercada de águas tranquilas, tempestuosas, infames. como a história de nós dois poderia ser. [ou ter sido]

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