14.6.12

renovatio

honey:

desde teu desaparecimento, tenho tentado encontrar-te pela sintaxe das ruas e pelos versos quebrados das quadras. vez ou outra eu pressinto um gesto, um cheiro, tenho a impressão de ter visto teu corpo inteiro. e logo em seguida percebo que não - enganado e só estou na multidão. e continuo repetindo-te em tantas pessoas estranhas que já sei se ainda lembro mesmo de ti. se a lembrança pode ser substituída por uma impressão, eu estaria, então, todas as vezes diante do novo, defronte a ti pela primeira vez. mas se teu tu está atomizado pelos semblantes da cidade ou isto faz do meu amor algo neurótico, ou da tua existência uma fantasia. o coração confidencia aos meus ouvidos ser tudo fantasma, invenção, capricho. e diz mais: o que procuro não são os vestígios de tua presença pelas paredes e pelas calçadas, em parcelas pequenas, avulsas. eu apenas vislumbro o amor e suas róseas nuances, algo que porventura esteve em ti, e agora são apenas aquarelas lavadas pelo suor do mar. desde teu desaparecimento, eu só quero renascer como se fosse de ouro puro, articulado por conjunções enamoradas.

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