21.10.12

às tuas costas

dear,

eu estava pensando em ti, mas eram outros os pensamentos, não eram aqueles motivos tolos que enchiam minha casa no meio no meio da rua. na verdade, baby, eu vagabundeava os pensamentos por ti, escalando os desfiladeiros da tua carne como um conquistador, nadando pelo gosto da tua pele como um imperador do rio. isso é tudo o que eu tenho feito nos sonhos acordados que tenho tido contigo. sonhos em separado, sonhos inseparáveis de mim por agora; tão distantes de ti que não me adora e nem imagina o que sinto. os instantes não duram muito sem que sejam perturbados pelas lembranças que tenho, como os seixos e os círculos de ondas no lago dos devaneios. não sei pousar os meus olhos nos teus sem me denunciar, sem sentir que o encontro mínimo já pode me confessar por inteiro. eu confessaria se não tivesse medo, se não estivesse tonto. o que aconteceu comigo, meu deus, entre o pedido e o perdido de amor? estou tão embriagado que ao teu lado eu perco o som - tremula a flâmula da voz, a garganta é um fio de mastro arrebentado. perto de ti, eu tenho miopia para o resto do mundo, tenho um ancoradouro para o teu navio. por isso, enquanto eu tocava em ti nos acidentes inventados do cais, faíscas de vontade voavam à vontade pelo ar e pelo mar. a luz da tarde caía suavemente. o que eu pensava era ir mais longe, mas não sabia o que dizer, nem como esconder revelando meu coração acidentado. por fim, depois que caminhamos, de mãos dadas como eu havia sonhado, às tuas costas confessei o que tanto havia guardado até então.

Nenhum comentário:

Pesquisar o malote