16.10.12

buenos aires

dear,

o jardim japonês. lá, um passado imperial escondido nas águas, nas carpas, nas rochas de par em par. há muito o que pensar na travessia da ponte torta, da ponte inacabada. e acabamos por fazer nossos pedidos para que outra vez retornemos aquele lugar. volver. voltar à esquina de carlos gardel, à esquina das ruas suipacha e rivadavia, ver a plaza julio cortázar, os trens, borges. caminhar por estantes de livros e livros no ateneu. molhar os pés no terroso rio. a plata. plata quemada. river plate. apostar tudo o que puder no barco-cassino até afundar, olvidar e lembrar que a melhor experiência não é a fotografia. na busca por novo fôlego, o mar. um mar de lágrimas derramadas pela calle de los suspiros. sacramento. uma igreja perdida, um passeio por dentro sem sacrilégios. do farol eu avistava tudo, menos nós dois. era porque a altura e suas escadas me impediam de pensar com os olhos. deitei a alma pelos degraus. eu nem queria ser turista, queria ter a experiência de caminhar pelas ruas como um habitante, queria sentir que aquele era meu hogar. dessa vez nem me importei com teu mistério, com tudo o que não sei sobre ti. as ruas já diziam muito. e mesmo no silêncio, caminhando lado a lado e no silêncio, não me importei, assim como sei que tu não te importaste. desentranhávamos nossas histórias em meio às quadras, aos almoços, ao atirar-se na cama. a experiência do cansaço nos deixava ainda mais pertos. tão próximos. só me incomodava às vezes a distância. não a de casa e, sim, a de nossas casas que, ainda que coladas, estavam situadas em algum lugar que ainda não sei. ou não soube mais. só sei que: temos um jardim japonês só nosso, cheio de lembranças em bonsais, cheio de lanternas de papel, cheio de tudo o que nos fez - acima da terra e abaixo do céu. com buenos, buenos aires.

Nenhum comentário:

Pesquisar o malote