30.10.12

barco-iemanjá

honey,

como gosto de ver teu rosto sério, o mistério do teu semblante preocupado. como gosto de me ocupar com tuas risadas estaladas no ar; naufragar nesta baía que são teus dois braços abertos para me enlaçar. só não gosto do descompasso dos nossos pés separados, caminhando silentes, sem notícias nem cartões-postais, desolados. por isso, não sei se prefiro te ver dormir ou acordar, gosto de ambos, pois nos dois nos encontramos no mesmo lugar. ah, o mar que vem para praia não adivinha a felicidade que é achegar-se a uns pés tão bonitos e tão perfumados de deus. nem a azul iemanjá rendi tantas graças, nem a ela enviei tantos barcos com prendas e pedras e tesouros de amar. a princesa do mar mal pode, pouco é, próximo deste novo rosário de contas. eu te adoro e estou a teus pés, inteiramente gato, enrodilhado na sombra enorme que me cobre e se chama, por certo, amor de marés - misto de vaga violenta e contínua calmaria.

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