14.12.12

a espera da janela

por que eu volto aqui? não vejo razão. ignoro a razão. na verdade bem sei. eu sempre sei, mas fico me sabotando, fingindo que não, impedindo que sim. eu recalco a ideia de um porquê. se ainda houvesse satisfação, mas. eu já não te peço mais, nem saberia. pouco me importa agora que a demora já se fez tanta e qualquer volta seria apenas uma tortura. era a liberdade que te chamou primeiro, não o amor. e eu volto aqui para saber do que é feita esta tua liberdade. e o que vejo me derrota, me enche de algo que eu nem quero falar. pois essa tua vida por si mesmo é cheia de água morna, de uma dança suada, de beijos desconhecidos. fico a imaginar teu pescoço deitado no travesseiro, repassando a noite, pensando ter sido divertida e esperando que no outro dia, quem sabe, alguém telefone. e não telefonam. e a noite se repete e a mesma espera acontece de novo e de novo e de novo. água, dança, beijo, alguém. no phone calls. sem falar nos dias em que a intimidade vai além, vai até a roupa caída nos pés, até o corpo inteiramente nu e preparado para uma cama branca e limpa à espera de não sei o quê. (nunca me diga, por favor). não sei quanto vai demorar para perceber que a falta de laços é, na verdade, o vazio dentro de um laço. então, quem sabe, você volte os olhos para mim. só que não estarei mais te olhando, nem terei voltado mais aqui. eu só venho para entender, para ter certeza de que era isso, de que era esta coisa desregrada que queria. eu só venho dar murros em pontas de faca porque o melhor que eu tinha não era o teu melhor. nem era pra você. só que o que você preferiu é tão menor que me fez sentir menor. e vazio. então é melhor eu voltar e desistir de olhar pela janela e de me deparar com a tua falta através dela.

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