dear,
eu quero que deus passe a pedir perdão a mim, pois os pequenos pecados de deus se acumulam na parede. o arco das faltas divinas se fecha em um círculo, ouroboros mordendo a cauda envenenada. quero a prece deste deus-demônio que me dá o desejo sôfrego, a fome violenta e me esquece.
minha aliança com deus é este silêncio.
esta contemplação sagrada
isto:
o amor dos dias todos.
crescendo, crescente, créscimo.
deus não ama a humanidade nem um décimo do que há nascido nos campos de trigo. nem um punhado da paisagem mediterrânea e dourada, metáfora iluminada do meu jejum prolongado e imorredouro. sacrificasse cem filhos tenros, cem cabeças de gado, cem vezes a obediência burra de abraão - tudo ainda seria minúsculo. por isso, deus, quero que esteja hoje de joelhos diante de mim, confessando tua imprudência monumental, cumulativa. e qual autoridade eu tenho? se bem que mais fácil seria exigir o perdão de deus em carne que a vontade viva de que esteja comigo. para agora, a dois, depois, mesmo após o apocalipse e os outros e mais severos julgamentos.
.: marcio markendorf
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